É praticamente impossível falar do bairro de Madureira, na zona norte do Rio de Janeiro, sem citar sua atmosfera musical. O local já inspirou sambas famosos, entre eles, um de João Nogueira, que usa versos para retratar os elementos da rotina dos moradores, como os garotos que jogam bola de gude na rua, a couve e o tutu de feijão que saem da panela e a calmaria que só uma água de coco, uma rede e uma esteira sabem trazer. O compositor Arlindo Cruz também já se inspirou no bairro para compor canções que cantam as alegrias de estar pela região, como o pagode que vai até de manhã e a benção do candomblé.

Não é à toa que Madureira foi o berço para o nascimento de duas das mais tradicionais escolas de samba do estado, a Portela e o Império Serrano. São elas que dividem os corações dos cerca de 50 mil habitantes da região e que espalham a música pelas vias do local, como a avenida Ministro Edgar Romero e as ruas Padre Manso e Conselheiro Galvão. Além das notas e tons, também é um dos marcos do bairro o comércio intenso, principalmente por conta do Mercadão de Madureira.

A história começa com o desenvolvimento das fazendas que existiam por ali durante a República Velha, principalmente da propriedade do boiadeiro Lourenço Madureira, chamada Campinho. Nesse período, o acesso ao local era feito a cavalo, até que, na segunda metade do século 19, os trilhos da Central do Brasil foram construídos para transportar os bondinhos e trazer os primeiros moradores para Madureira. Pouco tempo depois, começaram a surgir importantes construções, como a Capela de São José da Pedra, erguida entre 1901 e 1904, que, com seus 366 degraus, permite uma bela visão da cidade.

Hoje, uma das áreas mais valorizadas do bairro é o chamado Baixo Madureira, que fica entre a entrada da Estação Madureira, perto do Viaduto Negrão de Lima, e a Estrada do Portela. Ali se encontram diversas opções de residenciais e também de entretenimento, já que a vida noturna é mais intensa no local.